Para especialistas, prevenção é a melhor forma de combater a doença
O janeiro verde faz um alerta sobre o câncer do colo do útero. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse é o terceiro tumor maligno mais frequente nas mulheres – atrás apenas do de mama e do colorretal -, e a quarta causa de morte por câncer entre a população feminina no Brasil.
Diante desse cenário, faz-se necessário uma maior conscientização em relação a esse tipo de tumor, que pode ser descoberto durante um exame de rotina e atingir altas taxas de cura quando detectado e tratado no início.
O câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente do Papilomavírus Humano (HPV), principalmente seus subtipos chamados de oncogênicos, sendo que o 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos da doença, de acordo com o INCA. “Além disso, outros fatores de risco associado são: início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais, histórico de verrugas genitais, tabagismo e pacientes com doenças imunossupressoras”, alerta o ginecologista do Hospital da Mulher Anchieta, Dr. José Moura.
O médico explica que a infecção pelo HPV é bastante frequente e não evolui para a doença em grande parte dos casos, sendo combatida pelo sistema imunológico da paciente. Entretanto, quando causam alterações celulares, podem evoluir para o câncer. “Descobrimos essas lesões precursoras durante a realização do exame preventivo Papanicolau. Por isso, é fundamental que as mulheres procurem um médico periodicamente. Quando detectadas no início, podem ser curadas na maioria dos casos”, indica Dr. Moura.
Segundo o especialista, o Papanicolau deve ser feito em mulheres de 25 a 64 anos de idade, que já tiveram relação sexual, conforme diretriz do Ministério da Saúde. Em relação à frequência, ele explica que deve ser realizado a cada três anos, após dois exames normais consecutivos no intervalo de um ano.
Prevenção
Está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, que ocorre pelo contato direto com pele ou mucosa infectada. A principal via é a sexual. Assim, o uso de preservativo é fundamental para diminuir o risco de transmissão e infecção pelo papilomavírus humano. Pode ocorrer ainda a transmissão durante o parto.
Atualmente, existe também a vacina contra o HPV. Ela é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, além de pessoas que vivem com HIV e indivíduos transplantados na faixa etária de 9 a 26 anos. A vacinação é medida preventiva, não sendo eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes.
A vacinação, o uso de preservativos durante todas as relações sexuais e a realização periódica do exame preventivo são as medidas indicadas para prevenção do câncer do colo do útero.
Sintomas
De acordo com o ginecologista, a maioria das pacientes são assintomáticas na fase inicial da doença e os sintomas aparecem conforme a localização e a extensão da doença. “Corrimento vaginal amarelado com odor desagradável e até sanguinolento, sangramentos menstruais irregulares e sangramento após a relação sexual, além de dores em região do baixo ventre podem estar presentes”, aponta o médico.
Nos estágios mais avançados, a paciente pode apresentar dores pélvicas de forte intensidade, anemia, dores em região lombar, alterações miccionais e no hábito intestinal.
Tratamento
O oncologista do Hospital do Câncer Anchieta, Dr. Marcos França, destaca que a prevenção é a melhor estratégia. “A avaliação anual e regular ao ginecologista, com a coleta do material do preventivo pode promover a detecção nas fases mais iniciais da doença, inclusive antes do desenvolvimento do tumor propriamente dito”, explica.
Além da prevenção, diversos tratamentos podem ajudar, sobretudo quando já houver diagnóstico do tumor. Segundo o oncologista, as opções são procedimentos cirúrgicos, radioterapia, quimioterapia, braquiterapia (tipo de radioterapia interna, na qual o material radioativo é inserido dentro ou na região próxima ao órgão a ser tratado) ou a combinação dessas estratégias.
No Grupo Anchieta, é possível realizar tanto a prevenção quanto o tratamento. O Hospital do Câncer e o Hospital da Mulher realizam desde os procedimentos mais simples, como a coleta do material preventivo, a colposcopia e a conização – procedimento cirúrgico que retira pedaço do colo do útero para biópsia, quanto os mais complexos, como a remoção completa do tumor, também conhecida como cirurgia de Wertheim, e quimioterapia.
Avanços no tratamento
Dr. Marcos conta que, atualmente, existem tratamentos mais modernos para combater o câncer. Ele cita, por exemplo, o uso de novas medicações como os anticorpos monoclonais, que visam a não apenas destruir as células tumorais mas também impedir que o tumor promova o desenvolvimento de vasos sanguíneos para si.
“Mais recentemente, novos estudos mostraram a eficácia da imunoterapia também contra esse tipo de tumor. Esse tratamento tem por objetivo melhorar o sistema de defesa da paciente para que as próprias células do sistema imunitário combatam a lesão tumoral”, aponta.
Janeiro verde
Para o oncologista, essas campanhas são fundamentais para que as pacientes se lembrem e se conscientizem sobre a importância da prevenção. “Apesar de todos os avanços terapêuticos recentes, não há a menor dúvida de que a prevenção ainda é a melhor forma de evitar os problemas e as complicações relacionadas à doença”, conclui.
Fonte: Hospital Anchieta